sábado, 16 de abril de 2016

Conhecendo o Movimento Tertúlia

     No ano de 2015 teve início o curso Gaia Escola em Brasília/DF. O curso, coordenado por José Pacheco, fundador da Escola da Ponte em Portugal, e por Cláudia Passos, diretora da Ecohabitare, propõe uma transformação social e comunitária a partir da escola. Como elemento fundante tem-se que escola não é prédios escolares, escolas são pessoas
     Assim, a partir das proposições e estudos do curso, professores de várias escolas do Distrito Federal e outros profissionais de diversas áreas constituíram núcleos de ação e transformação nas  e a partir das escolas. Estes núcleos juntamente com outros espalhados pelo Brasil formam uma Rede de Comunidades de Aprendizagem.
     Na Região Administrativa de Santa Maria/DF constituiu-se o Núcleo Gaia Santa Maria. Este núcleo se multiplicou e atua no Centro de Educação Infantil 416 e no Jardim de Infância 116 de Santa Maria. 
     No Jardim de Infância 116, teve início com um grupo de 25 crianças e 6 educadores (quatro funcionários da escola e dois familiares): o Movimento Tertúlia. As crianças acolheram o nome sugerido ao movimento ratificando o sentido da tertúlia como reunião de amigos com interesses comuns que ocorre de maneira regular e periódica para diálogos, reflexões...
     O Movimento Tertúlia ocorre simultaneamente em múltiplas ações, separadas aqui para facilitar a visualização, mas ressaltamos que estão imbricadas umas às outras:

     Com os familiares das crianças os encontros que ocorreram em 2016 tinham como agenda a escolha consensual de um valor que guiará os envolvidos no Movimento Tertúlia. O valor escolhido pelos familiares foi RESPEITO. Outros dois valores serão acrescidos a este (definidos pelas crianças e pelos educadores do Movimento Tertúlia).




































     Os familiares também se reuniram com as crianças para analisarem um dos espaços existentes nos arredores da escola. O parque infantil que fica fora do Jardim de Infância. Após a análise, adultos e crianças conversaram e refletiram sobre o que poderia ser feito, o porquê e como. Os encontros continuarão ocorrendo periodicamente.









 

    Com os educadores são feitos encontros baseados na sociocracia (sistema de governança). Nestes encontros, são planejadas ações, realizadas reflexões e avaliações do Movimento Tertúlia. Entre várias coisas, a agenda é sempre divulgada previamente para que todos possam fazer propostas e modificações; acordos são firmados consensualmente; e há circularidade nas funções desempenhadas, ou seja, todos têm a oportunidade de exercer as funções por um período.

     Com as crianças:
     O Movimento Tertúlia tem como alguns de seus propósitos organizar uma comunidade de aprendizagem, fomentar o protagonismo infantil, oportunizar o exercício da autonomia e da liberdade pelas crianças, transcender cristalizações e fragmentações arraigadas na escola...
    As crianças foram escutadas e falaram sobre o que lhes interessava e o que gostariam de aprender. Assim, elas elencaram alguns temas e escolheram aquele sobre o qual gostariam de pesquisar, formando Pequenos Grupos (PGs). Os temas escolhidos por elas foram: Robótica, Dinossauros, Castelos e Animais Pequenos.
     Cada PG conta com um tutor (um dos educadores envolvidos no Movimento Tertúlia) e com ele se encontra semanalmente. As crianças de cada PG fizeram uma lista de perguntas sobre o tema que querem pesquisar. O tutor de cada PG instiga as crianças baseado nas perguntas por elas elencadas e as auxilia nas pesquisas e ideias que surgem.
     


















     Quinzenalmente, as crianças de cada Pequeno Grupo preenchem o Plano da Quinzena, tendo um dos educadores do Movimento como escriba. Neste dispositivo, são registradas as duas perguntas sobre o tema do PG que as crianças definem como foco de pesquisa para aquele período.  As crianças também dizem onde pensam que precisarão pesquisar para obter as respostas aos questionamentos delas e as ideias que têm para aquele tema. Cada criança, individualmente, também avalia e define qual combinado  precisa observar melhor para cumprir. Assim, cada tutor tem elementos para incentivar as crianças e instigá-las nas pesquisas e indagações.

Acordos de convivência firmados e registrados com as crianças em diversos momentos










     Cada PG pode compartilhar com os demais os elementos e ideias obtidos na pesquisa no momento "Eu quero te contar..."


     Outro dispositivo utilizado é o Acho Bom/Acho Ruim. Semanalmente, as crianças se reúnem e falam sobre aquilo que acharam bom e/ou ruim no decorrer da semana. As falas das crianças são registradas no Livro do Acho Bom/Acho Ruim.





     As crianças também organizaram as eleições para Presidente e Secretário da Assembleia dos Pequenos. A Assembleia dos Pequenos, gerida pelas crianças, é o momento em que elas dialogam, deliberam, opinam e decidem sobre as questões suscitadas por elas, podendo retomar aspectos levantados no Acho Bom/Acho Ruim, por exemplo. O presidente e secretário da assembleia se candidataram e conversaram com as crianças. As crianças definiram, entre outras coisas, a necessidade de circularidade destas funções, ou seja, no decorrer deste ano, outras crianças também vivenciarão a presidência e a secretaria da Assembleia. Neste momento, ainda estão ocorrendo as eleições para presidente da Assembleia. A secretária já foi eleita. As crianças elaboraram as cédulas, construíram as urnas, fizeram a apuração dos votos, compuseram e coordenaram a mesa de votação... Para ver algumas fotos, clique aqui.

     Familiares, crianças e educadores participam do Projeto Mestre-Cuca, em que as crianças fazem alguma receita culinária. Até esta data, já fizeram salada de frutas, bombons recheados, sanduíche natural e mini-pizza.
   
   Familiares e crianças participam do Projeto Ubuntu, em que familiares se propõem a compartilhar algo com as crianças, contando uma história, conversando e mostrando um bicho de estimação, fazendo pulseiras de miçangas, produzindo massa de modelar... São inúmeras possibilidades.
    
   As crianças também cuidam da horta, onde decidiram cultivar tomate-cereja neste momento. Lá, a professora Antônia e o educador Maurílio (familiar de uma das crianças do Movimento Tertúlia) propõem ações para as crianças como, por exemplo, cercar o canteiro reutilizando garrafas pet
  
   As crianças, após pesquisarem sobre alguns materiais descartados, em geral, no lixo doméstico e a alta toxidade destes elementos, organizaram caixas para coleta destes materiais junto à comunidade: lâmpadas, pilhas e baterias, óleo de cozinha usado.
     
     Os familiares se organizaram e definiram que quinzenalmente prepararão um lanche coletivo para as crianças a fim de que elas possam fazer uma refeição coletiva como alternativa ao lanche individual. Inicialmente, o piquenique é realizado entre as crianças, com a proposta de se expandir e contar com a presença dos familiares também.

      Estas são algumas das ações em andamento no Movimento Tertúlia e aqui elencadas a fim de proporcionar conhecimento, ainda que rudimentar, sobre as propostas, ideias e realizações dos envolvidos. Você pode ver outros posts neste blog com mais detalhes e fotos...
     
     Desejamos ampliar o movimento e, se você gostaria de ser um parceiro, será bem-vindo! Escolas são pessoas!


     



          
     
     
   
     

Um comentário:

Concursando disse...

Que lindo projeto!! Estou muito feliz em saber que meu pequeno e nossa família participará esse ano! Conte conosco!!Raquel Souza