sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Para conhecer o Movimento Tertúlia

No ano de 2015 teve início o curso Gaia Escola em Brasília/DF. O curso, coordenado por José Pacheco, fundador da Escola da Ponte em Portugal, e por Cláudia Passos, diretora da Ecohabitare, propunha uma transformação social e comunitária a partir da escola. Como elemento fundante tem-se que escola não é prédios escolares, escolas são pessoas

     Assim, a partir das proposições e estudos do curso, professores de várias escolas do Distrito Federal e outros profissionais de diversas áreas constituíram núcleos de ação e transformação nas e a partir das escolas. Estes núcleos juntamente com outros espalhados pelo Brasil formam uma Rede de Comunidades de Aprendizagem.
     Na Região Administrativa de Santa Maria/DF constituiu-se o Núcleo Gaia Santa Maria. Este núcleo se multiplicou e atua no Centro de Educação Infantil 416 e no Jardim de Infância 116 de Santa Maria. 
     No Jardim de Infância 116, teve início em 2016 com um grupo de 25 crianças e 6 educadores (quatro funcionários da escola e dois familiares): o Movimento Tertúlia. As crianças acolheram o nome sugerido ao movimento ratificando o sentido da tertúlia como reunião de amigos com interesses comuns que ocorre de maneira regular e periódica para diálogos, reflexões...
     O Movimento Tertúlia ocorre simultaneamente em múltiplas ações, separadas aqui para facilitar a visualização, mas ressaltamos que estão imbricadas umas às outras:

     Com os familiares das crianças 
ocorrem encontros no início do ano para a escolha consensual de um valor que guiará os envolvidos no Movimento Tertúlia. O valor escolhido pelos familiares em 2019 foi RESPEITO. Outros dois valores serão acrescidos a este (definidos pelas crianças e pelos educadores do Movimento Tertúlia).
Os familiares também são convidados a se engajarem como parceiros ou tutores. Periodicamente, são feitos encontros com os familiares para realização de vivências juntamente com as crianças do Movimento como, por exemplo, piqueniques, brincadeiras na rua, rodas de leitura, feira de trocas etc.

Com os educadores 
são feitos encontros baseados na sociocracia (sistema de governança). Nestes encontros, são planejadas ações, realizadas reflexões e avaliações do Movimento. Entre várias coisas, a agenda é sempre divulgada previamente para que todos possam fazer propostas e modificações; acordos são firmados consensualmente; e há circularidade nas funções desempenhadas, ou seja, todos têm a oportunidade de exercer as funções por um período.

     Com as crianças:
     O Movimento Tertúlia tem como alguns de seus propósitos organizar uma comunidade de aprendizagem, fomentar o protagonismo infantil, oportunizar o exercício da autonomia e da liberdade pelas crianças, transcender cristalizações e fragmentações arraigadas na escola...
    As crianças são escutadas e falam sobre o que lhes interessa e o que gostariam de aprender. Assim, elas elencam alguns temas e escolhem aquele sobre o qual gostariam de pesquisar, formando Pequenos Grupos (PGs). 

     Cada PG conta com um tutor (um dos educadores envolvidos no Movimento Tertúlia ou um parceiro/familiar que se disponha a ser tutor) e com ele se encontra semanalmente. As crianças de cada PG juntamente com a educadora fazem uma lista de perguntas sobre o tema que querem pesquisar (O que queremos saber?). Então, o tutor de cada PG instiga as crianças baseado nas perguntas por elas elencadas e as auxilia nas pesquisas e ideias que surgem sobre o tema escolhido por elas. Alguns temas já escolhidos pelas crianças anteriormente: espaço sideral; robótica; medicina; animais pequenos; castelo; dinossauros; plantas, flores e frutas; etc.
Periodicamente, as crianças de cada Pequeno Grupo preenchem o Plano da Quinzena, tendo o educador como escriba. Neste dispositivo, são registradas as hipóteses das crianças sobre onde pensam que precisarão pesquisar para obter as respostas aos questionamentos delas e as ideias que têm para aquele tema. Cada criança, individualmente, também avalia e define qual combinado  precisa observar melhor para cumprir. Assim, cada tutor tem elementos para incentivar as crianças e instigá-las nas pesquisas e indagações.

Outro dispositivo utilizado é o Acho Bom/Acho Ruim. Semanalmente, as crianças se reúnem e falam sobre aquilo que acharam bom e/ou ruim no decorrer da semana. As falas das crianças são registradas no Livro do Acho Bom/Acho Ruim.

As crianças também organizam as eleições para Presidente e Secretário da Assembleia dos Pequenos. A Assembleia dos Pequenos, gerida pelas crianças, é o momento em que elas dialogam, deliberam, opinam e decidem sobre as questões suscitadas por elas, podendo retomar aspectos levantados no Acho Bom/Acho Ruim, por exemplo. 

As crianças também se organizam em Comissões de Cooperação. As crianças listam as ações e responsabilidades quotidianas que a turma desenvolve e formam grupos que se responsabilizam por determinada ação. Assim, por exemplo, as crianças podem formar comissões responsáveis pelos cuidados com a horta/pomar (regar a plantação, guardar or regadores no local apropriado etc.); cuidados com a sustentabilidade (incentivar e observar se está havendo uso sustentável da água, por exemplo) etc.

Familiares, crianças e educadores participam do Projeto Mestre-Cuca, em que as crianças fazem , quinzenalmente, alguma receita culinária.

Estas são algumas das ações em andamento no Movimento Tertúlia e aqui elencadas a fim de proporcionar conhecimento, ainda que rudimentar, sobre as propostas, ideias e realizações dos envolvidos. Você pode ver outros posts neste blog com mais detalhes e fotos...
     
     Desejamos ampliar o movimento e, se você gostaria de ser um parceiro, será bem-vindo! Escolas são pessoas!